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Diante de uma Sorocaba que se destaca pela pujança, mais de 35 mil pessoas ainda vivem abaixo da linha da pobreza

Duas realidades convivem na cidade de Sorocaba segundo dados do IBGE: A Sorocaba rica, que ostenta uma das maiores rendas per capita do Estado e do país, com condomínios e edifícios luxuosos; uma das cidades com maior potencial de consumo do país, com diversos outros indicadores que a colocam como uma das principais cidades do Brasil. Mas essa pujança contrasta com a vida de cerca de pouco mais de 36 mil sorocabanos que vivem na pobreza extrema. Pelo menos 5% dos moradores sobrevivem com uma renda familiar per capta de até R$ 89. Se somar ao número de famílias na linha da pobreza, que têm renda per capta de até R$ 178, segundo dados do Cadastro Único do final do ano passado, são quase 44 mil pessoas que vivem à margem da sociedade, muitas vezes sem alimentação adequada.

Mudar essa realidade é Diante de uma Sorocaba que se destaca pela pujança, mais de 35 mil pessoas ainda vivem abaixo da linha da pobreza um desafio para as autoridades locais, e para a sociedade, segundo especialistas. Muitas dessas famílias estão fora de programas sociais de transferência de renda, como o Bolsa Família, que atendem mais de 11 mil famílias. Entre os bairros com maior índice de vulnerabilidade social estão o Conjunto Habitacional Ana Paula Eleutério (Habiteto), Vitória Régia, Jardim Santa Cecília e Jardim Ipiranga.

É o caso da família de Osmar dos Santos, de 56 anos, que mora no Jardim Santa Cecília. São em cinco na família. Desempregado e sem assistência social de transferência de renda, conta que vivem com o dinheiro que ganha coletando material reciclável. “A gente sobrevive. Tem mês que a gente ganha R$ 600. Tem dias que temos comida boa, tem dia que fazemos um fubázinho e tem vez que a gente fica sem uma das refeições”, ressaltou. Dona Sebastiana de Oliveira, de 76 anos, mora numa casa de alvenaria no Jardim Ipiranga , juntamente com uma filha de 43 anos e quatro netos. Enquanto olha os netos, a filha Maria Isabel, mãe solo, também recolhe material reciclável pelas ruas da cidade, além de alguns bicos de faxina. Conta que perdeu o marido há cinco anos. “Falei para a minha filha ver isso, do Bolsa Família, mas ela disse que prefere trabalhar e ganhar o dinheiro seu, sem precisar de ajuda do governo. Eu penso diferente, mas respeito. Não é fácil, a gente se vira como pode”, disse.

Para o economista Marcos Ferreira, é preciso que a administração crie oportunidades, para cada vez mais haja participação desse perfil social e que essas pessoas busquem sair da situação de extrema pobreza, de forma digna e sem depender de programas de transferência de renda. “Sorocaba é uma cidade de muitos avanços, que nos últimos anos vem se destacando por sua pujança, mas ainda podemos presenciar uma Sorocaba que tem suas mazelas. E é isso que o governo precisa se atentar. Cada vez mais presenciamos moradores em situação de rua”, disse e completou: “O Bolsa Família é extremamente relevante e um programa que garante a sobrevivência para muitas famílias em todo o País, mas é preciso  mais do que isso, que as cidades ofereçam oportunidades, como programas de capacitação profissional gratuitos, mais vagas em creches em período integral para que essas mães possam deixar seus filhos e trabalhar. Fazer um trabalho de conscientização de que esses programas de transferências de rendas têm que ser algo provisório.”

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